Wednesday, October 31, 2007

Dedicado ao Amor da minha vida



Amo-te...
Amar-te-ei para sempre e isso dói demais...

Aqui fui Jaime, na rua sou Latas,em casa sou Ricardo e no metro quadrado que cerca o nosso respirar sincronizado fui Mor...

Aqui neste espaço pude mentir, delirar, incorporar uma personagem que pouco tem de meu.O que me faz ser conheceste-o como ninguém. Viste-me chorar de emoção, viste-me chorar de tristeza e decepção, viste-me gargalhar de felicidade e satisfação. Viste-me doente, viste-me revoltado, viste-me emocionado, viste-me frágil, viste-me forte...viste-me de peito aberto, de mão trémula e de alma nas mãos a sussurar-te ao ouvido: "Pega...é tua...pertence-te"

Desenhei contigo um futuro que se perdeu algures no caminho por culpa exclusiva nossa.Sempre foi dificil gerir uma distância física tão grande.Todos os kilómetros e horas de viagens que fizemos foram poucas para matar uma sede que não passava, uma fome que não descansava e uma saudade que não pousava armas.Fazia-las de novo, duplicava-as, triplicava-as para ter a certeza que tinha feito tudo...dormiria no passeio da tua rua, faria dos canteiros a minha cama, faria do vento e do frio almofadas e faria da tua janela o ponto fixo do olhar.

Numa passagem de ano há muitos anos atrás, ainda eu me esforçava para não me apaixonar por ti, mandei-te uma mensagem que dizia:
"deixa-me ir aí onde estás.Durmo na rua, estarei mais feliz sentado no passeio da tua casa ao frio que agora nesta casa quente cheia de amigos"
Ainda hoje me lembro perfeitamente da viagem que fiz de regresso a casa nessa manhã de dia 1 de Janeiro.Da roupa que tinha, do autocarro que apanhei, do caminho que fiz, de tudo o que senti...passei pela casa antiga do meu avô para lhe contar que te tinha encontrado e para lhe dizer que queria ser pela primeira vez feliz contigo...

Escrevi-te cartas, escrevi-te músicas, dediquei-te bilhetes de amor, andei centenas de kilometros,viagei milhares de milhas naqueles barcos, viagei milhares de kilometros naqueles transportes,roubei dezenas de vezes o carro ao pobre do meu pai...e tudo agora me parece tão pouco...fiz tão pouco...

És e serás sempre o grande amor da minha vida.Contigo fui menino, contigo fui rapazola, contigo fui homem.Beijar-te-ei todas as noites sem saberes.Tocar-te-ei no corpo todas as noites sem saberes.Enconstarei o meu nariz no teu cabelo todas as noites sem tu saberes,sorrirei para ti todas as noites sem tu saberes, pedir-te-ei em casamento todas as noites sem tu saberes, e se um dia acordares com o rosto molhado...foi porque chorei nessa noite sem tu saberes...

AMO-TE e AMAR-TE-EI para sempre Joana Margarida O. Vasconcelos

Ricardo JM Latas

Da "Castidade" da Virgem aos Cornos do Carneiro

Hóroscopos.Quem é que acredita neles?

Nunca acreditei nas previsões dos hóroscopos.Para mim os hóroscopos são como o cabelo do Paulo Portas...ainda ninguém sabe ao certo se é verdadeiro ou não.

Este é o meu horoscopo da semana:(http://horoscopo.clix.pt/astrologia/horoscoposemanal/70500.html)

Amor - Nesta face as crianças poderão despertar a sua atenção. Participe nas suas brincadeiras, pois estas poderão lhe proporcionar momentos de felicidade e bem-estar. A vida amorosa está neste momento favorecida, pelo que é possível que inicie uma nova relação amorosa ou que aprofunde a que já existe.

Trabalho e Dinheiro – Nesta fase poderá sentir necessidade de dar asas ao seu lado criativo e aventureiro. É possível que sinta que o seu emprego não lhe preenche as suas necessidades de realização pessoal e, em consequência disso, surjam alguns atritos e conflitos com os colegas de trabalho. Relaxe e procure ver o que poderia fazer por si e pela sua carreira.

Saúde e Bem-estar – Maior susceptibilidade orgânica a doenças e a transtornos físicos que, mesmo que não sejam sérios, podem provocar mal-estar e reduzirem a sua boa disposição. Há uma maior probabilidade do sono ser pouco restabelecedor e de se sentir, em consequência, mais cansado e menos resistente aos problemas com que se depare. Se fuma, é uma boa altura para reduzir ou mesmo largar o tabaco.


E estas são as características do meu Signo:

Personalidade do Carneiro: "Eu primeiro"

Tente dizer a um Carneiro para seguir o chefe. Eles fogem! Batem com os pés, esfumaçam e abanam os braços furiosamente. Os Carneiros não seguem, eles são os líderes. Sabem o que querem, e vão buscá-lo. Se não, agem como uma criança mimada. Os Carneiros malucos põem os tornados a um canto. Passa algum tempo com um Carneiro, e precisarás de umas férias. Eles andam às voltas como um tornado. Observá-los é desgastante. Não adianta acompanhá-los, é simplesmente impossível. Carneiros dizem exactamente onde se encontram, não é necessário perguntar-lhes. Dizem tudo sobre eles e depois perguntam sobre o que pensamos sobre eles. Eles estão virados para si mesmos. Não pense que eles não se importam se estiver a ouvir ou não. Eles precisam de ser amados por todos. No fundo, eles preocupam-se sobre não gostarmos deles.

AMIZADE
Os Carneiros são muito faladores, conhecem todos e fazem com que todos os conheçam. Querem que o mundo seja amigo deles. Gostarão de todos que os ouçam. Estão longe de serem esquisitos com as pessoas. Eles gostam de amigos espectaculares e bem sucedidos, que os ajudem a parecerem bons. Pedirão grandes favores, e retornarão os favores igualmente, se estiverem por perto. Eles podem desaparecer durante anos e reaparecerem na nossa vida quando menos esperarmos.

AMOR
Eles adoram apaixonarem-se perdidamente. Quantas mais campainhas e apitos, melhor. Não é o amor por essa pessoa que os atinge, é a excitação da queda que predomina. Os Carneiros adoram a emoção. É melhor manter a excitação, porque quando se for, eles também irão. São pessoas com que é difícil viver. Casam tarde ou nem chegam a casar. O divórcio é rotina, eles acreditam neles mesmos mais do que em qualquer outro.



Ou Seja:Vou encontrar um novo amor ou vou aprofundar o que existe(lol),Não gosto do meu trabalho(só começo para a semana mas já o detesto),vou estar doente(o que raramente acontece no Inverno) e é melhor deixar de fumar.Sou um tipo egocêntrico que pensa mais nele próprio que no bem estar dos outros(deve ser por isso que as minhas relações correm mal) e só os carneiros não gostam dos seus Chefes(so o/a vou conhecer para a semana).Já quanto aos "carneiros malucos porem os tornados a um canto"...não sei o que isso é mas pelo sim pelo não este fim de semana não durmo em casa.Ao que parece ligo muito à opinião dos outros(é a minha preocupação principal de manhã à noite)e sou mais falador que ouvinte.Os meus amigos verdadeiros são muito bem sucedidos(em especial o que faz manutenção de elevadores e vai dormir para a praia em horário de trabalho).Aparentemente sou um pinga-amor e um rabo de saia.Elas dizem-me olá com voz de melão com presunto e eu atiro-me logo de cabeça.E se elas não me aparecerem em casa com brinquedos sexuais aparentemente eu aborreco-me e ponho-me a milhas.

Conclusão:O Carneiro(Eu) é um tipo que não vale nada.

PS:Há uns tempos uma amiga minha(Oh Teca ou tornas-te muito bem sucedida ou deixas de ser minha amiga)que é muito dada a estas coisas dos signos disse-me que eu de Carneiro não tinha muito. Tu queres ver que eu nasci em Setembro em vez de Abril?

Sunday, October 28, 2007

Para os tolos que flutuam

Este texto é dedicado a todos os tolos que pertencem àquela minoria de pessoas que não consegue, de forma nenhuma, andar com os olhos pregados no chão, àqueles que não andam com aquele passo apertadinho, travadinho, stressadinho, miudinho.
É dedicado àqueles que nunca andam com os ombros sempre à altura do queixo e ligeiramente inclinados para a frente.

É dedicado a pessoas tolas que como eu, andam na rua a pensar por exemplo que fado é o masculino de fada (o destino pode casar com uma fada…que triste fado seria o da fada se tal acontecesse…) e no meio de divagações tão idiotas como esta; pela avenida da liberdade, pelo rossio, no metro, no comboio; e no meio destes pensamentos o rosto faz questão de retratar o que vai na caixa forte que é o cérebro, que vai na volta nem é assim tão forte, porque se fosse não deixaria passar tudo para os olhos (num olhar revirado ou numa sobrancelha levantada), para a boca (num sorriso) …

Mas isto para dizer que quando acordamos por uns segundos, quando poisamos no Mundo real, deparamo-nos com uns monstros esquisitos que olham para nós fixamente, que querem entrar nas nossas mentes, para saber o que nos faz sorrir e ter o olhar perdido no vazio, mesmo quando estamos dentro de um autocarro em hora de ponta com o nariz quase ao nível da axila de um trabalhador da construção civil.
E essas pessoas que nos olham estupefactas, para as expressões do nosso rosto em resultado das grandes “raves” cerebrais, são pessoas encarquilhadas, enfezadinhas.
Olham para nós com um ar esquisito… e se sorrimos para elas, em jeito de: “Bom dia, senhora!”, vomitam um semblante chocadíssimo, de quem pensa: “Este sorriso deve ser sobra da pastilha que a miúda meteu ontem à noite…esta juventude está perdida, que Deus a leve e guarde!”

Posso deixar aqui alguns exemplos da forma como são tratadas as pessoas que não andam com o olhar pregado ao chão.

Ainda no outro dia, sai do comboio com os "phones" nos ouvidos, o dia não tinha sido fantástico, então, fiz o meu mp3 cantar-me ao ouvido uns excelentes sambas da grande mãe do samba: Beth Carvalho. E foi assim que fui caminhando pela plataforma do comboio, esqueci-me completamente de onde estava, o meu cérebro levou-me para as pequenas e intimistas casas de samba do Rio de Janeiro, lá estava eu…com uma caipirinha na mão, a ver a Beth Carvalho a cantar os meus sambas preferido, todos dedicados à menina portuguesa... creio que sem me dar conta, comecei a andar pela estação com um "swing" diferente, creio que com o “samba no pé”, desci as escadas ao ritmo de samba que estava ouvir e…depois do último degrau, terminei com um passo de samba, BOOOOMMM….fui acordada por um fogo cruzado de olhares dirigidos à minha fraca figura. Até fiquei atordoada…oh, gente de pouca fé! Deviam ter entrado no samba comigo!

No outro dia aconteceu uma situação peculiar, num banco de quatro no comboio, fiquei de frente para um “semelhante”, estava a ler o jornal quando ele entrou, terminei a leitura e coloquei o jornal entre o banco e a parede, se é que assim se pode chamar.
Em jeito de mimo, o rapaz olhou para mim com os olhos esbugalhados e apontou na direcção do meu jornal. “Queres o jornal?”, perguntei. Ele disse que não com a cabeça e com a boca em forma de bico de passarinho e continuou a apontar, olhei e descobri um papelinho por baixo do jornal da CGTP, “Isto??” perguntei. Acenou afirmativamente com a cabeça, com os olhos, com o nariz com o sorriso e piscou-me o olho.
Pegou no papel, virou-o e começou rabiscar algo no verso, olhava para mim, sorria: “hihihihihi”, baixava os olhos e desenhava algo. Sempre com a atitude de um mimo.

No final, mostrou-me o papelinho rabiscado, tinha feito a caricatura da senhora gorda, feia e de ar antipático que estava sentada ao meu lado. Ri às gargalhadas com o comboio cheio! Mais uma vez fui olhada por todos, porque chorei a rir, a caricatura era muito boa…!
Ele desenhou mais alguma coisa, levantou-se para sair e já perto da porta mostrou-me o desenho e apontou para mim: era uma menina de olhos grandes e pestanudos com um sorriso rasgado, saiu do comboio, e foi à minha janela dizer um adeus, aquele deus em jeito de mimo.

Estas são apenas duas das milhares de situações que vivi, por não andar com os olhos pregados no chão…

Quando chego ao trabalho há sempre uma das meninas que me pergunta: “Então? O que te aconteceu hoje?”.
E lá relato a história do dia.

Flutuem…deixem a cabeça pelas nuvens… ou então estejam realmente abertos para o que se passa de bom cá em baixo!


México, sem segunda ou última parte.

Só queria dizer que desisti de continuar o relato da minha viagem ao México, terei o maior prazer em fazê-lo na vossa companhia, ao vivo.

Aqui não...

Grata pela vossa compreensão,

Ana de Amsterdam.

Homage to the 80's

Ciao a Tutti(que em italianês quer dizer Olá Cambada!)

Antes de me estender na razão que me faz colocar este post nesta manhã solarenga de Outubro, gostaria de dizer:

1-Não sou um tipo agarrado ao passado.Os anos 80 já lá vão.É verdade que o a dezena 82-92 terá sido a melhor mas o passado ficou já lá atrás.

2-Tenho um gosto bastante eclético no que toca à música(e a quse tudo confesso). As minhas bandas favoritas vão desde Metallica a The Shins,Yann Tiersen ou a Mark Knopfler(bilhete já comprado para o Campo Pequeno a 4 de Abril de 2008).

3-Sem dúvida que os anos 80 trouxeram das melhores "malhas" pop que os meus ouvidos receberam com honras de Estado. Contam-se:
.Men At Work - Land Down Under
.Jouney - Don't Stop Believing (Parodiado em Scrubs e Family Guy)
.Men Without Hats - Safety Dance (Parodiado repetidamente pelo Conan O'Brien) Esta música,letra e clip ganham sem dúvida o meu prémio nonsense
.(...)

4-Mas há uma que definitivamente está no top de todos os tops. Hoje, por uma força qualquer, acordei com ela na cabeça. Não tenho parado de a ouvir e lavou-me a alma. Não que tenha uma letra que me diga algo de especial ou simbólico(como é costume) mas defitivamente porque é uma grande malha. Melhor fiquei quando ouvi uma cover...sem dúvida das melhores coisas que encontrei no Youtube até hoje. Deixo-vos com o video original e com o video da Cover. É absolutamente extraordinário e díficil(indissociáveis).Já tenho projecto para este Domingo soalheiro...

PS:I Blessed The Rains Down in Aaaaafricaaaaaaaa!


Toto - Africa


Andy McKee - Africa Cover

Monday, October 22, 2007

Actimel

Está decidido.Vou processar a Actimel.Aquela história do "ajuda a reforçar as defesas do seu corpo" é uma treta. Nunca bebi tanto Actimel como nos ultimos meses e continuo tão permeável à decepção,engano e mentira como antes. Exigo reembolso!

Sunday, October 07, 2007

De um suspiro saudoso, nasce um novo amor...

Trouxe-o uma borboleta amarela, vindos de longe de terras germânicas, deixou-o sobre a carapaça de uma tartaruga.A tartaruga entregou-mo.
Com os seus olhos azuis chamava os golfinhos e com os caracóis loiros do seu cabelo chamava o sol e quando eu lhe dizia, para chamar a noite, o brilho dos seus caracóis chamavam o brilho cintilante das estrelas e da lua para a nossa praia.

E ali ficávamos a rir, das formas estranhas com que as nuvens nos apareciam, e ele ora me via como trapezista a pular de nuvem em nuvem, ora como professora de tango, de vestido negro, vestida ...ou despida com a noite.

E perguntava-me: "Com se chama a fada do Peter Pan, em português?"
"Sininho", respondia.

"Vem cá mais uma vez, deixa-me abraçar-te doce Sininho..." e eu deixei.

Quando o abraço se desfez, dei por mim em Alcântara com uma pessoa a empurrar-me para o lado e com o fiscal do comboio a pedir-me o passe...

Friday, October 05, 2007

México à chegada - Yiimtii -

Dia 5 de Outubro parti rumo à cidade do México. Uma viagem longa, aborrecida com uma paragem em Madrid, uma viagem carregada de ansiedade, dúvidas, expectativas e claro, saudade de um menino que me esperava lá…no México, com os pés no Pacífico.

A viajem foi aterradora e quando pensei que não conseguiria suportar nem mais um minuto o meu traseiro assente naqueles bancos desconfortáveis da Ibéria, comecei a avistar a interminável cidade do México…uma cidade sem fim. O meu olhar apenas alcançava cidade, cidade, cidade... o chão parecia uma folha quadriculada, uma colcha de patchwork com milhares de cores, um labirinto ilimitado de ruas, avenidas e quarteirões que formam uma teia construída por milhares de espécies de aranhas, ao longo de centenas de anos.


Ciudad de México

Saí do avião com um passo apressado que foi rapidamente travado por um policia que me pediu o passaporte, olhou para capa do mesmo e exclamou para o colega que se encontrava do outro lado da sala: “Mira, una chica Lusa!!” . Sorriram um para o outro e miraram-me de alto a baixo. As lusas sempre em alta.

Com os sentidos apurados e sintonizados numa das cidades mais populosas do mundo, parti directa para o terminal de autocarros. Cortei a cidade em hora de ponta num táxi com um motorista simpático que tentou aprender português comigo, com milhares de borboletas a voar no meu estômago e com um pavor imenso de perder a nave espacial que me iria levar a Pochutla, vou chutando umas palavras de português para o motorista repetir com sotaque espanhol logo de seguida.

Alcancei finalmente aquele oásis de naves! Comprei o bilhete um lanchezinho e entrei a voar para dentro do autocarro.
Sentei-me, descalcei os sapatos, bebi um golinho de água, tentei relaxar, tentei pensar que em menos de 12 horas estaria nos braços de alguém que me quereria bem…tentei pensar em coisas boas e tentei ignorar o enorme cansaço que se apoderava de mim. Não consegui, senti um enjoo. Parecia que as borboletas que voavam no meu estômago queriam ver a o pôr-do-sol e viram mesmo…Derrotada pelo cansaço e pelas borboletas sucumbi morta de cansaço nos bancos empoeirados daquela nave com muitas rodas.

Fui acordada às 2h da manhã por um policia que tinha entrado na minha nave com muitas rodas, o cara feia queria ver a minha bolsa, chafurdou por entre cadernos, lápis, chocolate, espelho, canivete suíço, rímel…pediu o passaporte, olhou-me nos olhos e disse: “Buena noches, amor!” e foi-se.

Não conseguia dormir mais, estava farta da noite, queria ver o sol, queria ver as cores do México, sem ver cores tenho dificuldade em sentir odores, estava atenta como um ratinho murganho, de olhos postos nas janelas à espera que o sol nascesse, já me sentia mais perto do mar e essa impressão enchia-me de boas sensações. “Está quase!”, pensava eu de dez em dez minutos…durante a viagem de autocarro senti-me uma menina de dois anos, um adolescente de dezasseis anos e uma mulher madura certa das suas vontades e cheia convicções.

O rosa começou a ganhar terreno face aos azuis-escuros da noite e começou rasgar o céu, a cada minuto que passava, a cada raio de sol que trespassava o vidro do autocarro eu sentia-me mais viva. Sentia-me a vibrar e finalmente vi o mar!

E cheguei finalmente a Pochutla às 8h30m, uma hora antes da hora prevista, pego na minha baleia com asas, que é como quem diz: na minha mochila, coloco-a às costas e tento encontrar um lugar para estabelecer uma ligação com a península ibérica.

Esperei hora e meia, o menino não aparecia…as borboletas reproduziram-se dentro do meu estômago e agora voavam aos milhares, espalharam-se por todos os órgãos do corpo, por todos os membros, senti o queixo e os joelhos a tremer: “Será que se esqueceu de mim?” .

Decidida a apanhar um táxi para algum lugar, ponho os pés na estrada vermelha repleta de pedregulhos, contorno um carro mais velho que eu e…ele, o menino, ali estava ele à minha frente!

Larguei a mochila num ápice, ofereci-lhe primeiro uma palmada forte no braço e depois não resisti a um abraço apertado.
Ás 10h da manha fomos comer uns tacos ao mercado e beber uma corona, ele encheu a mochila dele com mantimentos e depois partimos num autocarro que nos deixou na beira da estrada, aí entramos num caminho pedregoso pela floresta, cada um com a sua mochila, uma humidade de cortar à faca, cinco rios para atravessar, uma chuva que teimou em começar e permanecer e 2 horas de caminho por entre exércitos de mosquitos. Se parasse para descansar era devorada por estes ferozes guerrilheiros do mundo animal.

Yiimtii

E finalmente chego a uma casita no meio da floresta, em cima de uma falésia e lá em baixo a apenas alguns metros, lá estava ele…o Pacífico!
Aqui permaneci de quinta a segunda, não vou contar com detalhe o que se passou neste lugar. Matei saudades, nadei nua no pacífico, perdi-me atrás de borboletas gigantes e coloridas, vi crocodilos. O lugar é absolutamente mágico, fantástico, paradisíaco, creio que não tenho adjectivos suficientes para classificar aquele retiro e nem as picadas de mosquitos e carraças me fizeram mudar de opinião sobre aquela toca à beira mar plantada.

Mas a companhia….bem, a companhia foi boa, apenas boa…

O Jorge Palma diz na música “Encosta-te a mim”:

“…Chegado da guerra,

fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,

no fundo p´ra te merecer

recebe-me bem,

não desencantes os meus passos

faz de mim o teu herói,

não quero adormecer.

Tudo o que eu vi,

estou a partilhar contigo

o que não vivi, hei-de inventar contigo

sei que não sei, às vezes entender o teu olhar

mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Encosta-te a mim…”

Ele não fez de mim a sua heroína.

**Continua.

Thursday, October 04, 2007

Café e Torradas

Já há muitos meses que não me lembro dos sonhos que tenho. Era uma das coisas que faziam as conversas matinais com a família. Entre o café e as torradas viviam as gargalhadas da minha Mãe que se tornavam mais sonoras à medida que o absoluto non-sense tomava conta do devaneio surreal a em que os meus sonhos procuravam ar para respirar. O meu pai é mais “duro”...gargalhadas só a partir da hora do almoço...

Desde traficante de armas para o Jonas Savimbi a convidado de honra da Oprah Whinfrey já fui e fiz de tudo. Sou uma espécie de capataz de quinta na terra do João Pestana: Desde motorista a baby-sitter faço de tudo um pouco.

Infelzimente ao longo dos últimos meses o café e as torradas têm sido só isso...café e torradas...
PS: Vou adormecer a ver o Garden State.Sou um admirador de Zach Braff.Talento puro e inteligência refinadissima. Recomendo o (re)visionamento de Garden State e a sua espantosa banda sonora. Se ao menos me saísse o euromilhões para eu fazer o meu Garden State.Com sorte sonho com isso esta noite. É bem melhor ( e menos contra a lei) que andar a vender armas em Luanda.