Sunday, March 02, 2008

Ciúme, o caruncho do amor

Vou-vos falar da mais destrutiva força do universo, venham meus queridos, sentem-se em meu redor e oiçam as palavras de quem enfrentou o ciúme, o caruncho do amor.

Eis que de repente e sem teres feito nada para o merecer, te encontras no centro de um julgamento implacável, onde não está previsto qualquer intervenção da defesa, ela não existe nesse lugar, e qualquer atitude de auto protecção da tua parte só levará ao agravamento da pena…

As guerras dos homens podem ser deveras atrozes, e abalar-nos a fé na redenção da sociedade… mas o ciúme, quando desponta, faz-nos esquecer que já um dia existiu paz… a tempestade é de tal forma densa e sufocante, o seu ruído é tão omnipresente que passamos a acreditar que sempre ali estivemos no centro dela, que lhe pertencemos, e enquanto a consciência da nossa insignificância se apodera de nós, desvanecessem-se as boas memórias e esquecemos os sonhos para o futuro.

O ciúme consegue destruir aquilo que de mais belo existe entre dois seres… e tem a sua origem nos abismos da alma… no sentimento de posse de um sobre o outro, na vontade egoísta de exclusividade de um ente.

Face a este inimigo, há pouco que possas fazer, não podes impedir que ele nasça no seio da mais perfeita relação, e tão pouco podes fazer para extrai-lo uma vez instalado no cerne…

Para lhe sobreviver basta contudo teres confiança nos sentimentos de ambos os lados, seres tenaz e manter a calma… A injustiça do fenómeno é equiparável à das tragedias que ocorrem todos os dias no mundo, de nada te vale a comiseração, pelo contrario, deves tentar manter a consciência da tua inocência e a presença de espírito para não te deixares arrastar pela turbulência da cena.

Eventualmente a tempestade se extinguirá… e pelo meio dos destroços poderá o pomar poderá voltar a florir e a dar fruto… haverá sempre baixas, mas os sobreviventes ficarão mais fortes.

Existe um momento zen ancestral, que conta a desventura de um ancião que caiu nos rápidos do rio, durante uma festa da aldeia… todos o virão cair e ser arrastado para as quedas de água… ninguém lhe opode valer, e todos pensaram que iria morrer, contudo passado algum tmepo e para espanto de todos, viram-no sair opelo próprio pé, o ancião ensopado, mais à frente onde rio corria calmamente… todos correram para ele perguntando-lhe como tinha conseguido sobreviver… ao que o ancião respondeu: “A força do rio tomou-me e levou-me para baixo… como não podia lutar contra ela deixei-me ir, e assim como ela me levou as profundezas, foi também ela que me devolveu à tona!”