Tuesday, January 31, 2017

Ontem, hoje e depois de amanhã


Parece que não, mas na verdade 10 anos é muito tempo.

Não parece, porque não sinto o tempo a passar. Não fez vento, correu como uma brisa.
Se calhar porque nasci com o traseiro virado para lua, é bem possível porque nasci de madrugada. Se calhar aquela bola branca e brilhante, presa no negro do infinito, esteve sempre lá no alto a olhar por mim, desde 12 de Outubro de 81. A vida correu-me bem, corre bem.
Mas quero deixar-vos um cheirinho de passado, a doçura e preocupações do presente e esperanças do futuro.
Muitas letras deixei neste espaço, que construíram desabafos que me lavaram a alma em tempos difíceis, quando andava de coração aberto, à espera que um tesouro de origem italiana entrasse nele. E não é que entrou mesmo?! Disse-vos, fui bafejada pela sorte.
E é envolta no brilho desse tesouro que vivo há quase 8 anos. Não poderíamos começar a nossa história de um modo convencional, até porque haverá pouco disso em nós, e então, de forma a cumprir o sonho de ambos, partimos de lua-de-mel sem casar. E essa lua-de-mel foi o casamento mais bonito que este mundo já viu. O casamento foi uma festa constante que durou por 10 meses. Um dia celebrávamos junto a uma cascata que vinha do céu e ao desfiar-se em terra abria-se numa bruma de borboletas de asas transparentes, no outro no fundo do mar por entre corais e raias aladas, no seguinte no topo das nuvens com o ar tão rarefeito que respirar e dar um beijo em simultâneo era uma proeza atroz.
Fundimos as vidas, os corpos e os sonhos. Fizemos uma vida a dois, uma casa a dois, depois juntou-se a princesa canina. Linda e doce que só ela.
Fizemos um filho, a nossa pérola. Fizemos uma vida a três sem nunca deixar de ter espaço para a vida a dois. Seremos sempre dele com a certeza de que, antes, já éramos um do outro. E isso parece-nos belo, parece-nos especial.
Enquanto escrevo apercebo-me, realmente, que tenho uma vida cheia e é por isso que me estarreço e transtorno, com a realidade de muitas vezes não me sentir em pleno, de não deixar a felicidade do meu dia-a-dia entrar em mim como deveria. Existem, nos últimos anos, uns quantos fantasmas que me atormentam o juízo mais do que quero, mas não os consigo frear. São sombrios, vazios, não são merecedores de atenção, mas em tempos já foram. Penso que é isso que mais me incomoda. Essas auras escuras que me procuram, em tempos foram personagens plenos de cor e presença na minha vida.
Neste momento não merecem qualquer atenção, tão pouco os meus pensamento ou angustias, mas fazer o que? Uma pessoa não cresce quando quer… Devo aprender a tornar-me imune ao veneno.
Neste momento tenho a vida tão recheada de coisas boas, qual bola de Berlim a explodir de creme no fulgor do Verão, mas há umas quantas azeitonas a dar-me uma azia daquelas…
É como viver nas Caraíbas e estar sempre com um azedume no estômago que não nos deixa ver o azul transparente do mar, ouvir o canto das aves marinhas ou sentir o calor da areia a acarinhar-nos a pele .
No futuro, não muito distante, irei entrar com os meus na Toca do Loba, conto com a vossa ajuda para desbravar terreno e torná-la um lar.
Serão convidados de honra, prometo.




2 Comments:

Blogger Terra cósmica vermelha said...

AI amora.... a vida ensinou-me que para certas situações temos que ser frios.... é com esta frieza corto pela raiz os mal de plantas invasoras... não quero que se apoderem de mim feito trepadeiras que usem o meu ser para crescerem erectas e me roubarem a luz.... e só quando enfrentares de cara as tuas é que vais ser livre, mas não tenhas medo... deus éolo vai estar a teu lado para supra-las para bem longe dai.... e aí ....e aí minha amiga a toca se irá erguer onde tens a minha ajuda para cada escavade-la, cada curva mal planeada e a ter de ser endireitada....para cada vitória....para cada derrota.... estou e estarei para ti
Como diz lulu santos: "Nós somos muitos Não somos fracos Somos sozinhos nessa multidão Nós somos só um coração Sangrando pelo sonho de viver"
Obrigada por terem entrado na vida

4:24 PM  
Blogger Ana de Amsterdam said...

Tens toda a razão, mas em breve arranjarei forma de escapar a essas sombras.
E só me dá força e ânimo a vossa presença no meu dia-a-dia. Convosco percebo que há uns quantos como nós por aí. A maior parte das vezes, como sabes, continuo a preferir os bichos às pessoas. Vocês fazem parte da exceção à regra, se calhar porque tal como estão mais para bicho do que para pessoa. Lá está, o Fauno, é um misto de ambos. E nós duas tb...

1:30 AM  

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