Thursday, August 31, 2006

Um Brinde Aos Regressos

Olá a todas e a todos
(a cortesia e a boa-educação obrigam-me a cumprimentar primeiro as filhas do dêmo e só depois os pobres dos homens).

Findadas as férias, as viagens pelo mar, por Espanha, pela Alemanha e no meu caso por Santo António da Charneca, congratulo-me por voltar a encontrar-vos cheios de sangue na guelra e cheios de rancor nas histórias por contar. Permitam-me que envie um abraço especial para o meu amigo Faunesco. Para além de ele ser fisicamente especial(o cabelo loiro e os olhos verdes são um iman demasiado forte) nutro por ele um afecto que vai para além do seu magnetismo fisico animal. João...Sê bem-vindo ao nosso pequeno e triste país...mais do que nunca, agora que regressaste de espanha e alemanha, o teu país envegonhar-te-á a cada notícia que fores lendo sobre o que se foi por aqui passando enquanto estiveste fora. Da minha parte peço-te desculpa...fui fazendo o que pude...mas estive sempre demasiado ocupado a tentar fazer os outros felizes e quando olhei à volta já a confusão era demasiada.

Em relação às meninas, queria enviar-vos os votos de um regresso feliz e que tudo vos corra bem daqui para a frente à exceoção dos planos maléficos que vós "fêmeas" permanentemente congeminam contra os ditos "borregos".

Em termos de "finalmentes", gostaria de brindar ao blog e que ele, com as férias, tenha ganho novas forças para enfrentar os novos desafios que aí vêm.Quanto a mim que agora cheguei vou já me por a milhas mas com a promessa que quando voltar daqui a umas horas escreva a primeira ode ao rancor pós férias.

Txin-Txin

Wednesday, August 30, 2006

… Afinal estava enganado, o que elas querem é afoiteza!

Revivi a fábula da Bela e o Monstro e percebi que a força dos tempos desactualizou de forma estrondosa a primeira versão deste clássico…

Um Monstro e uma Bela com nome de flor, que de tão bela que era, a seus pés lhe murchavam de inveja as outras flores. Numa terra distante e erma, onde os poucos habitantes viviam aceleradas relações, catalisadas pelo isolamento do lugar… as almas eram como as árvores no Alentejo, cada uma valia por uma história pejada de interesse…

…eis que certa noite o Monstro, cansado, suado após um dia árduo de trabalho se recolhe solitário para viver das memorias, e é encontrado no seu retiro por essa flor, cheia de ganas por um bocado bem passado… em redor destas duas personagens, os outros habitantes viviam uma actividade que ditava que cada um teria que fazer carícias e massagens ao próxi
mo… a flor escolheu a besta, porque o contrario nunca teria lugar. A besta no estado em que estava não teria a coragem de se impor a alguém… A Bela tocou o Monstro com gestos e em formas que o fizeram corar, de maneiras que ele nunca tocaria alguém que praticamente não conhecia… e quando chegou a vez do Monstro, ele tentou ser gentil… ignorando que a Bela teria mais uma oportunidade de o tocar, e quando assim aconteceu a feia criatura corou novamente à medida que era desnudado pelo tacto da fada… que violento consegue ser o toque da beleza sobre uma superfície rugosa e tosca!?

Nos dias que seguiram o contacto, a troca de sorrisos e olhares era reveladora do intencional prolongamento de um clima tenso entre os dois. O Monstro vivia absorto com factos que o impediam de tomar iniciativa… havia a memoria de outra fada, havia uma diferença de idades, que neste caso se poderia converter numa diferença de intenções e dar azo a mal entendidos, e para agravar ele sabia que ia estar pouco mais tempo por ali… a Bela consciente dos mesmos factos provocava, e violava com uma erótica lamina o casulo do Monstro…

A nobre besta resistiu aos descarados avanços da Bela criatura, e por isso terá sido difamado por aquelas terras, por entre todas as cúmplices flores…

E quando regressou fiel para junto da outra fada foi surpreendido pela sua falta de disponibilidade…

Esta nova versão não acaba bem, uma vez que a ressabiada da Bela flor teve que se masturbar sozinha perante a passividade do Monstro, e o Monstro ficou de mãos literalmente a abanar, porque não conseguiu apanhar nenhuma das Belas…

Assim sendo as morais também mudam;

… Os Monstros que se ponham a pau com elas, e sempre que elas pedirem, pau nelas…
… ser fiel/nobre nos dias que correm não é viável
… faz sexo sempre que puderes
… lê sempre as letras miúdas e nunca esperes mais do que o que está escrito no contracto

Sunday, August 13, 2006

Marinheira de águas turvas

Sou nómada, estamos no Verão, altura em que todos reservam uma semana de férias para aproveitar as carícias do sol. Sou contra as vontades das grandes multidões, normalmente entro no pequeno barco das minorias, mas não fugi à regra e reservei uns dias para usufruir dos prazeres do sol. Porém, não me refugiei nas praias que perdem o carisma por se encontrarem sobrelotadas, embarquei sozinha num pequeno barco e rumei ao desconhecido, precisava de aventura, estava farta de viver de recordações, queria acrescentar mais páginas ao meu livro da vida.

E assim foi, embarquei naquilo a que chamei uma viagem espiritual.

Nos primeiros dias as águas do oceano apresentaram-se calmas, de noite ouvia a voz das sereias que me acalmavam o espírito e me preparavam para o longo Inverno que não tarda a chegar.

Quando me habituava a esta placidez, tive notícias do continente, já nem me lembrava que havia algo para além dos mares e dos oceanos.Recebi notícias do meu país, recebi notícias através de um belo rapaz, um amigo de uma outra viagem, de uma viagem verde, uma viagem longa pela floresta, o meu amigo tentava encontrar-me em terra, na minha terra, que por acaso não é a terra dele, porque tal como eu esse amigo nao tem terra nenhuma. Ponderei sobre o facto de o convidar a participar na minha viagem, estava determinada a fazê-la sozinha, mas ele vinha de longe, vinha sedento de conversas prazerosas, vinha sedento da menina que ele conhecera noutra paragens. Através das novas tecnologias informei-o do meu paradeiro e dei-lhe umas instruções kármicas para que me encontrasse em alto mar. E ele encontrou-me.... com o cabelo desgrenhado do vento e a pele saturada de sal, foi um encontro explosivo, até Neptuno apareceu e agradeceu o agito que levámos para as profundezas do oceano.
As viagens mudam as pessoas... ele tem viajado pouco, não o encontrei muito diferente, de quando em quando interrompia as nossas conversas, do mesmo modo que já fez outrora, para falar e resolver problemas de amigas de outras paragens, nessas alturas eu praguejava, gritava raios e coriscos em silêncio, nadava em alto mar e vingava-me nos carapaus e sardinhas que pescava compulsivamente, sem dó nem piedade para o nosso almoço. Os dias foram passando e o meu companheiro de viagem abandonou-me já com a fome e a saudade saciada, voou para outras paragens.

Senti uma baixa de energias após a partida desse ser enigmático, precisei de repor as minhas energias e viajei para um país que me foi indicado pelas estrelas, um país onde toda a gente se encontra de passagem, esse país é mais ou menos como aquelas zonas onde existem termas, as pessoas vão até lá para se submeterem a uma terapia, naquele país as terapias que reinam são a dança e a terapia dos afectos. Um belo país, espero voltar no próximo ano, a música está por toda a parte, assim como pessoas bonitas a transbordar de boas vibrações, depois de umas sessões de abraçoterapia, senti-me rejuvenescida, despedi-me dos terapeutas e voltei para o meu barco.

Como não sabia que rumo tomar, deixei que o vento me orientasse, orientou-me mal...muito mal....levou-me para os braços de um milhafre ferido na asa, ferido por mim. E como tal quis pagar-me com a mesma moeda, ou seja as férias estão a terminar, e eu acabei com saldo negativo no que diz respeito a energias positivas.

Terminei as férias mais cansada do que quando comecei, no entando tenho mais dez páginas a acrescentar ao meu livro da vida. Nas próximas férias deveria ponderar a hipótese de fazer o mesmo que os outros 9 milhões de portugueses.

Tinha como objectivo levar a tristeza e a solidão para alto mar, e lá deixá-la aos cuidados de Neptuno, ele agradeceu o presente, mas disse que não precisava daquela oferenda.

Não quero fazer do nosso blog um diário de bordo, apenas queria registar as novidades desta contribuidora que tem andado tão ausente.