Thursday, May 17, 2007

O assunto da bandeira – Politiquices

A essa raça de gentinha, ou “populacho que se diverte na lama…” como dizia o poeta Cesário Verde, a essa casta de míseros patriotas que se embrulham na bandeira da nação, a penduram nas janelas e ali a deixam por castigo, até apodrecer e então ganhar semelhança com o pais real, ou ainda aqueles que enfeitam o interior dos carros com elas, até o sol lhes levar a cor e só lhes deixar a vergonha pálida de um símbolo cuja ponte para o significado ruiu há muito; a essa nobre maneira de ser gente e patriotas e idiotas eu dedico este artigo.

Então juntem-se num campo de futebol para criar a maior bandeira do mundo…e seja ela só feita de mulheres, de emigrantes ou de outras minorias maioritárias que encontrem na bandeira alguma outra coisa que não seja a desigualdade social, fermento de qualquer bandeira ou pátria…

http://temos-que-falar.blogspot.com/2006/06/maior-mais-bela-e-intil-bandeira-do.html


Chegamos a esta era sem ainda ter percebido o verdadeiro significado das bandeiras de todas as nações do mundo?
Representaram esses estandartes algo mais que as fronteiras que dividem os homens e que resultam nos graves conflitos que temos em braços?

Agarramo-nos às bandeiras como se nos contassem elas histórias de união entre as pessoas e no fundo, se nos afastarmos mais do pano de jogo, vemos que é o contrario, as bandeiras afastam os povos, por vezes povos com grandes afinidades…

Tremo perante o imenso cinismo, quando vejo a miséria do outro lado do rio chamado Mediterrâneo, quando eles, os outros, tentam atravessar o rio, para alcançar a terra dos sonhos, onde vivemos e a qual não valorizamos, para alcançar qualidade de vida, ou mesmo uma hipótese de vida que seja, mesmo que sem qualidade, e nos fechamos dentro das nossas fronteiras… metemos mais policias a vigiar a grande muralha da desigualdade social… para não repartir o que temos em fartura, pois correríamos o risco de dando muito a ganhar perder apenas um pouco…e é desse pouco que não abdicamos, mesmo quando sabemos que se do outro lado do rio há fome é porque essa fome sustenta o luxo esbanjado deste lado…

A desigualdade social tem sido o têxtil por de trás de cada cor e de cada bandeira… e nós conscientes disso, alimentamos e aumentamos fronteiras, porque nos julgamos a salvo, com tamanha arrogância e avareza. Tentamos ignorar que em breve não será o suficiente aumentar o número de guardas e electrificar a vedação, não! Pois as consequências deste desequilíbrio começaram a notar-se no próprio ar que respiramos. Pela sobrevivência da humanidade, teremos mesmo de atravessar o rio e levar para lá escolas, hospitais, industrias e educação, ou o desequilíbrio desta estrutura global ruirá e o mundo dos homens ruirá com ela

Acredito que o interesse nos países do terceiro mundo crescerá com a consciência dessas eminentes consequências, infelizmente esse será o catalisador da mudança e não o amor pelo próximo… a diferença é que de uma forma trabalharemos sobre pressão para remediar danos imensos e pela outra teríamos mais tempo e espaço de manobra.

As bandeiras são o ícone onde o pior do ser humano se transforma se planifica…

0 Comments:

Post a Comment

<< Home