Saturday, March 17, 2007

O meu amigo "Y"

O meu amigo Y...??
“ele é bom rapaz , um pouco tímido até, vivia no sonho de encontrar um amor, pois seu coração pedia maissss, maisss CALOR”.
Ele é um animal ectotérmico, vive atrás de pequenos raios de sol, acho que sempre foi assim, acho será sempre assim.

Quando o sol espreita, ele não se espreguiça, não se penteia, sacode a farta cabeleira cacheada e brinda o sol com os seus olhos brilhantes.
Salta do seu covil e lá vai ele, procurar os mais belos e puros raios de luz, pode alimentar-se apenas por contemplar a beleza, a forma, o brilho, a cor da luz.

É um carnívoro, predador por natureza. No comboio, na escuridão do metro, a atravessar passadeiras, ele encontra luz em todo o lado, por todos os lugares, em todos os túneis, grutas ou cavernas.

As presas acham-no um predador encantador, à primeira vista pode ser parecer inócuo, mas não é... ! Ou não fosse ele um bom terrestre, melhor...um macho, melhor ainda....um macho latino.

Aborda as presas com delicadeza, leva-as até ao outro lado do espelho, mostra-lhe o que há de mais belo, espicaça-lhes a imaginação, aluga unicórnios para as suas presas passearem ao final do dia, depois...leva-as ao último andar do seu covil, mostra-lhes a sensibilidade, despe-se da pele humana, e nessa altura, em que está mais exposto, mais vulnerável e susceptível, eis que o inesperado acontece...o predador torna-se presa e a presa torna-se predador.

Estou a lembrar-me de umas aventura deste companheiro de alma.

Só para vos localizar, o nosso Y já foi lobo... Aparentou ser um lobo malvado, um predador feroz, implacável, e acabou de trela!!
O capuchinho? Uma menina com pouco mais de um metro e sessenta, de cabelos loiros e pele clara, que tinha preferência por lingerie vermelha. A capuchinha lá se cansou, do nosso Y, libertou-o e disse-lhe: “Não é que tenha algo contra ti, meu lobo ibérico, mas eu prefiro lobos negros!”

O Lobo, que é como quem diz o Y, lá foi lamber as feridas, lambeu-as por largos meses, até que um dia em terras de magos e druidas encontrou uma deusa romana.
Qual Afrodite, qual quê...aquela deusa era brava, qual leoa, qual pantera, qual lince...era uma gata que de quando em quando fazia questão de arranhar o meu amigo. E mais uma vez, foi lançado ao abandono.

Sempre torci pelo Y, gosto dele! Gosto muito dele! Então numa noite de lua cheia, resolvi voltar a fazer magia, com muito carinho e afeição convoquei uma fada conhecida para me ajudar, conferenciamos com as estrelas e com todos os astros.

O Y tinha que ser feliz, o Y merecia encontrar o amor, o Y merecia ser feliz como nos contos de fadas, queria que a história dele terminasse com um..."e foram felizes para sempre!"

Com toda a nossa magia, com a magia da lua pedimos um desejo.

Meses depois o Y encontrou uma menina, ou a menina encontrou-o a ele.
Não tenho a certeza se ela é fruto do meu desejo, mas tenho a certeza que pelos menos o Y está feliz, vou ter que dar tempo ao tempo para saber se ela é fruto da magia que eu e uma fada tecemos em noite de lua cheia.

Enquanto isso estou tranquila, ele está bem!
Em cima dos seus cascos, contempla a lua e o sol, os insectos repousam na ponta dos seus dedos e nos seus caracóis moram as indecisões de sempre e a certeza de que daqui a oito meses será ainda mais feliz.

E eu cá estarei, para partilhar a felicidade com o meu amigo Y.

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