As crónicas de um preservativo furado--------1998-2006
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Estimados camaradas
Viajei pelo Norte de toda a Europa, viagens económicas de algibeira… sempre fiel ao pelotão…
Amarrotado, encolhido… espreitei a noite vermelha de Amesterdão, na Holanda por um pouco não ia o batalhão todo, estive em Berlim, varias vezes chamado para o combate, mas nunca se verificou, (exercícios de simulação), em Inglaterra também houve falsos alarmes, … em França perdi dois bons companheiros na mesma noite, mas as valquírias não me queriam fechar o destino e sobrevivi… em Évora só não me estriei porque, de forma diferente da velha Amesterdão, a luz também estava vermelha… com o avançar do tempo tornei-me uma espécie de referencia para os vindouros, os novos que iam chegando àquela mesma algibeira… porque era mais experiente, já ouvia rumores sobre a minha idade, sobre as guerras em que tinha participado, algumas verdades e outras nem tanto, mas divertia-me… de aspecto vincado, enrugado e com alguns rasgões na farda, tinha um aspecto duro de roer… mas era uma fava, de látex como todos os outros.
Fui finalmente chamado para combate, e aquando o salto daquele lugar seguro para o vazio da noite, todo eu era nervos…
Espanha, Verão de 2006, este foi um bom ano!
Caso tenham recebido esta carta é sinal de que estou morto. Estou a escrever-vos da linha da frente, abrigado nesta húmida trincheira… (não húmida o suficiente, pois sinto a garganta seca e isso pode vir a ser um problema), a qualquer momento a situação vai explodir e eu terei de provar ao que vim… espero não deixar ninguém mal com a minha prestação… gosto muito de todos vós…
Adeus
Borrachinhas
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Estas foram as derradeiras palavras do preservativo furado, que esticando-se ao máximo pela causa que defendeu toda a vida, se tornou fino demais acabando por romper… meses mais tarde tornou-se num problema chorão de 3,700kg que se viria a transformar num memorial do combate pelos direitos dos Preservativos de todo o mundo.
Hoje o Borrachinhas é recordado por todos como um exemplo de tenacidade, viveu como quis e morreu com um grande estrondo.
1 Comments:
Quantas histórias, de quantos borrachinhas há para contar...
Os borrachinhas são bons amigos, mas há uns um pouco traiçoeiros, que não defendem a causa como deveriam... deixando-me preocupada e pensativa por uns dias.
Faz parte...
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