Saturday, November 25, 2006

O eterno conflito

Avesso ao titulo de sexo forte, deixei claro no passado que considero o eterno conflito bastante equilibrado… de um lado força bruta, estupidez natural em abundância e do outro a mais afiada e bela maquina de calculo…

De um lado o romantismo de criaturas grotescas que se dedicam a amar, que se dobram face à beleza e aparente fragilidade das mulheres

Por outro, essa densa taiga, pele aveludada que se faz seduzir e que se deixa conduzir como uma tripulação desleal ao comando contra o qual a qualquer momento se amotina.

O eterno conflito balança-se sobre o gume de uma adaga… e eis que o nosso lado sofre severas baixas… Primeiro o Henrique Inglesias teve dois filhos gays, mais tarde, já na década de 90 o Veloso saí do Benfica e agora o Jaime esqueci ausenta-se do blog, no inicio deste novo milénio… como podem estar esperançosos os que ficam?
Resta-nos aguardar que a maré mude…
Eu fico aqui na trincheira, e com isso podem contar de mim, enquanto o turno for meu este pedaço de chão que tenho debaixo dos pés, dará luta para ser tomado…


Em homenagem ao meu grande companheiro “Jaime” imortalizado aqui pela sua vontade e raro talento… aguardamos o teu regresso como o Nilo a monção…

Monday, November 06, 2006

Alice no País das Porcarias - Parte 2

"Não, vim atrás dos olhos cor de cereja do coelho!”
“Não fiques triste, menina! Ele é um verdadeiro idiota, e como ele, há muiiiiitos no País das Porcarias, é bom que ganhes imunidade, para não desperdiçares as tuas lágrimas.”

A lagarta desceu numa nuvem de fumo até ao chão, onde se encontrava a Alice.

“Amora Morena, fuma um pouco, vais ficar mais calma, vais ficar mais receptiva para o que te vou dizer a seguir.”

Alice não ripostou segurou no cachimbo e fumou um pouco de ópio.

“Vou encaminhar-te para uma pessoa simpática, com bons modos, ele vive na montanha da solidão, é um menino doce. Acho que ele te pode ajudar a encontrar o caminho para casa.”

“E como vou encontrá-lo no meio da montanha?”

“Não te preocupes Amora Morena, segue por este caminho, assim que partires vou lançar sinais de fumo, e ele ficará à tua espera! Agora vai Amora, não percas tempo, boa viagem!”

E lá foi a Alice, acenou à lagarta roxa e seguiu com destino à montanha, andou cerca de duas horas e não viu ninguém, apenas alguns esquilos que desciam de uma árvore atravessavam a estrada e subiam outra árvore.
A menina avistou uma casa, uma casa pequena, cá fora andava de um lado para outro, sem parar, um homem pequeno, quase tão pequeno como a própria Alice, ele caminhava e fumava, caminhava e fumava, parecia nervoso!

O homem nervoso avistou-a e começou a acenar:
“Hey, hey! Minina, minina...eu soi amico de lagarta rocia!! Como stas, belíssima ragazza???!

“Olá!”, disse Alice timidamente.

“Meu nome é Cogumeleiro Louco, io apanho cogumelos nas montanhas e vendô lá en baitxo na cidad. Debes de star cansata, senta minina, relaixa um pouquito, vou preparar uma bela pasta com fungi para você!”

E começaram a conversar a trocar experiências, Alice ajudou-o a preparar o jantar. Jantaram ao lado da lareira. A noite estava fria, mas lá dentro o ambiente estava quente, muito quente, ao rubro.
O Cogumeleiro era muito semelhante à Alice, tinha uma fome insaciável pela vida, gostava de chuva, dos bichos, acreditava em fadas e duendes, gostava e conhecia todas as espécies de plantas e fungos, era um bruxinho feiticeiro com uma costela de duende e outra de botânico.


Alice apaixonou-se, por largos meses permaneceu ao lado daquele pequeno ser tão mágico portador de um estranho sotaque. Era belo, era poético, tinha destreza a desenhar, e era doce, profundamente doce. Mas o que Alice mais gostava, era a capacidade que o Cogumeleiro tinha de amar todos os pequenos pormenores que Alice detestava em si, um sinal na barriga, uma covinha aqui, outra coisita acolá. Para o Cogumeleiro aqueles detalhes tornavam a Alice única e mágica no seu conjunto.

Amaram-se profundamente.

Num belo dia chuvoso, Alice ouviu um ronronar na rua. Era uma gata cor de rosa, com ar petulante, assim que a menina abriu a porta a gata passou por Alice sem sequer pestanejar, dirigiu-se ao pequeno duende e ronronou...só ele entendia o que aquela bruxa com formas de felino dizia. Alice olhou-a por cima, e desejou com toda a força que a gata desaparecesse por magia para sempre.


A gata saiu.

Alice tentou saber quem era a gata, de onde vinha, se vinha com frequência. Sentiu-se insegura.
A partir desse dia a gata fazia questão de marcar presença/território diariamente na casa da Alice e do seu menino de sotaque italiano, o Cogumeleiro deixava tudo o que estava a fazer para atender os pedidos da gata, deixava a doce Alice a falar sozinha e ia socorrer a gata mentirosa, de males por ela inventados.

Alice usava um verniz de paciência a revestir as suas unhas, certo dia o verniz estalou. Alice explodiu, tranformou-se em pantera, não em pantera rosa, mas em pantera negra, e colocou a sua pata imensa sobre a rafeira gata cor de rosa.

Saiu de casa do Cogumeleiro, com os olhos rasos de lágrima e o coração a derramar saudade, atravessou as montanhas em prantos, e lembrou-se que queria muito voltar para casa. **


**Continua.

Alice no País das Porcarias - Parte 1


Alice, Alice...uma menina única, que não se parece com ninguém, mas que tem um pouco de todos nós. Curiosa como uma lontra, astuta como um rato, inteligente como uma coruja. Não nasceu inteligente, tem-se tornado inteligente.
Olhos escuros e brilhantes, com ternura a fugir sob a forma de lágrimas, de vez em quando. Menina ansiosa quer o Mundo inteiro de uma só vez, não se contenta em estar contente, só quer ser feliz! Por isso vive no descontentamento de não encontrar a felicidade plena e suprema. Quando a encontra, transforma-se num verdadeiro furacão de emoções.

Lá estava a Alice, com o olhar curioso de quem vê tudo pela primeira vez. Naquele dia Alice foi para o jardim e quis ver tudo de novo. Deliciou-se com o salto de uma rã, sentiu a aveludada textura do pêlo do seu gato, tocou levemente num bicho da conta, tirou uma laranja da árvore descascou-a comeu-a e deliciou-se mais com o seu aroma do que com o seu sabor.

Alice sentia-se plena de vida, absorvida por todas as sensações que experimentava.
Nisto, do nada, surgiu aos pulinhos um terno coelho, branco e albino. A Alice desejou tocar-lhe e ver de perto os olhos do bichano, eram cor de cereja! Correu atrás dele, mas o animal era veloz, tão veloz que as suas patas traseiras pareciam aumentar de tamanho após cada salto que efectuava. Desapareceu ao entrar dentro de uma gruta, no momento em que o coelho entrou na gruta, saíram de dentro dela milhares de morcegos de todas as cores, parecia uma onda de confetis coloridos a dançar ao sabor do vento. A Alice continuou a correr atrás do coelho, mas boquiaberta com o que acabara de ver.

Ao entrar na gruta a pequena Alice não foi assombrada pela escuridão, havia na gruta uma luz tão forte, tão brilhante, tão intensa, que ela não conseguiu abrir os olhos, sentiu-se perdida, a tactear. Acabou por seguir o odor agradável do coelho, de repente, Alice deu um passo e sentiu-se a cair. Abriu os olhos, já não havia aquela luz intensa.

À medida que ia caindo, caindo e caindo naquele buraco sem fundo, Alice viu janelas e cada uma das janelas continha o rosto de um antigo amor, e à medida que a Alice ia caindo e passando por elas, estes tentavam tocar-lhe. A Alice chegou mesmo a sentir um toque leve no cabelo, nos ombros, um antigo amor mais atrevido chegou mesmo a dar-lhe um açoite enquanto ela caía, ela gostaria muito ter conseguido falar com eles, de ter retribuído sorrisos, de ter retribuído açoites, mas a força da gravidade não permitiu!

A queda demorou largos minutos, mas de um instante para o outro, a menina começou a ver luz, e sentiu os seus pés a beijarem o chão de forma muito leve. Estava numa sala, olhou para cima tentando vislumbrar o buraco que deu origem àquela queda interminável, mas apenas viu um céu azul escuro muito estrelado.

A Alice estava numa sala com quatro paredes, cada parede continha uma porta e como tecto: o céu estrelado.
Confusa, dirigiu-se à porta mais próxima, quando começou a caminhar apercebeu-se que o chão mexia tal e qual como gelatina, e as ondas provocadas pelos seus passos eram repletas de cores, as cores do arco-íris sucediam-se umas às outras.

Com tantas novidades, Alice esquecera-se do coelho e dos seus olhos cor de cereja, eles tinham sido responsáveis pela sua viagem surreal, olhou em redor na busca de alguma pista que a pudesse encaminhar até ao roedor com olhos cor de cereja. Cada porta tinha uma placa afixada:

1 – País do “Aqui e Agora”
2 – País dos workaholics
3 - País dos Liberais Descontraídos e Anarcas
4 – País das Porcarias

Alice optou pela opção mais generalista e entrou no País das Porcarias.
Encontrou um país colorido, muito colorido, nisto avistou um par de orelhas brancas atrás de uns arbustos.

“Hey! Coelho... espera!!”

“O que queres tu, gaja boa?”

Estranho, de facto era o coelho, mas estava com uns óculos escuros Ray Ban!

“Bem, na verdade queria ver a cor dos teus olhos... um desejo idiota, mas creio que nunca vi essa cor!”

“Cor dos olhos?” Respondeu o coelho com semblante gozão: “Estás Parva? Vieste até aqui para veres os meus olhos? Querida, menina: vamos aproveitar que estás aqui, esquece os olhos e passas é essa mãozinha pelo meu pelinho macio, boa? Oh, Boa!” baixou os óculos e pisco-lhe o olho.

A Alice limitou-se a virar as costas àquele coelho da Playboy, seguiu um trilho em busca do caminho de volta para casa, dado que a porta que lhe tinha dado acesso ao País das Porcarias se havia desvanecido.

Ao fim de algum tempo a caminhar, encontrou o lhe pareceu ser um tronco branco de uma árvore enorme, sentou-se no chão para descansar e encostou-se ao tronco, reparou que este cedia ao seu encosto, era macio, não era um tronco, olhou para cima na esperança de encontrar a copa de uma árvore, mas não... Encontrou um chapéu de cogumelo. A doce Alice estava debaixo de um cogumelo gigante!
No topo do cogumelo estava uma lagarta muito grande, roxa, de olhos enormes, de nariz redondo, e na ponta do seu nariz uns óculos que lhe davam um ar sábio, ela estava a fumar ópio. Olhou para a Alice do topo do cogumelo e disse:
“Deixa-me adivinhar! Vieste atrás do Coelho Playboy?” **
** Continua...
Este texto, e os dois que se irão seguir sobre a Alice, são para o Jaime.
Para que continue a ser um cidadão do nosso pequeno País das Maravilhas, onde nos encontramos para debater alguns dos problemas do País das Porcarias.

Sunday, November 05, 2006

Despedidas - Conferência de Imprensa

Olá a Todos
Para tudo na vida, tudo tem o seu tempo.A década de ouro dos anos 60 do Benfica, as noitadas do Santana Lopes-consta que ele anda mais caseiro-, a gordurinha fofinha do Zé Diogo Quintela, o bigode do Manuel Luís Goucha, a monogamia da Elsa Raposo-partindo do pressuposto inverossímil dela alguma vez a ter tido-, vêm provar que tudo tem o seu tempo.
Tal como Rui Costa deu lugar ao Kaka no Milan, tal como o Badaró deu lugar ao Herman, tal como o video deu lugar ao DVD, tal como o Cláudio Ramos dará lugar ao Fauno, também está mais que na altura da minha participação no Blog dar lugar a sangue novo que traga gente nova a ler os posts.Continurei, sempre que me fôr possível, acompanhar o blog, e conto com a vossa interminável fonte de boa disposição, inspiração e talento para manter a ideia do Fauno de pé...estou mesmo só a falar da ideia porque de outras coisas nunca fui homem para pôr de pé aos outros.
Obrigado
Jaime
PS:Quem deixar comments a este post será obrigado a ouvir o novo cd dos Onda Choque.
PPS:Não podia partir sem deixar a minha última sugestão.Esta é um dois em um. O filme é o Crash e a música é Bird York, In The Deep http://www.youtube.com/watch?v=Og60gGsGLbc

Wednesday, November 01, 2006

O Que Ele Quer Sei Eu Pah

Vivemos numa sociedade de consumo fácil, consumo rápido e de descarte célere e que talvez por isso, por a oferta ser tanta e diversificada, não seja fácil encontrarmos pessoas que saibam quem são, para onde querem ir, com quem, e muito mais importante, o que é que se leva vestido?

Talvez seja díficil encontrarmos pessoas(ler mulheres) que saibam o que querem de suas vidas(ler namorado ideal) mas segundo fiquei a perceber, com uma música dos Cake que já ouvi há uns anos e que hoje voltei a ver o vídeo sem querer, há pelo menos mais uma pessoa que sabe muito bem o que quer da vida(ler gaija).Vejamos:

I want a girl with a mind like a diamond
(esperta, inteligente e bonita por dentro comó caraças)
I want a girl who knows what’s best
(que saiba que o Dr.House é bem melhor que E.R.)
I want a girl with shoes that cut
(Com uns sapatos à Dominatrix)
And eyes that burn like cigarettes
(Podem ser os da Cicarelli)

I want a girl with the right allocations
(Que tenha mamocas que desafiem a lei da gravidade)
Who’s fast, thorough, and sharp as a tack
(mais uma vez que seja esperta comó caraças)
She’s playing with her jewelry
(pode ser bijutaria da parfois)
She’s putting up her hair
(que use rabo de cavalo)
She’s touring the facilities
And picking up the slack
I want a girl with a short skirt and a long jacket.
(tem que ter um cinto mas um casaco cumprido)

I want a girl who gets up early
(nada de molengar na cama)
I want a girl who stays up late
(que goste de ficar até tarde na cowboyada)
I want a girl with uninterrupted prosperity
(que todos os dias ande tão bem disposta como o Manuel Luís Goucha)
Who uses a machete, to cut her red tape
(que não seja complicada como a secretaria da minha escola)

With fingernails that shine like justice
(rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrau)
And a voice that is dark like tainted glass
(pode ser como a da Cicarelli)
She is fast, thorough, and sharp as a tack
(mais uma vez a importância de ser esperta comó caneco)
She’s touring the facilities and picking up the slack
I want a girl with a short skirt and a long, long jacket
(vá à loja do Benfica e compre uma camisola do Miccoli)

I want a girl with smooth liquidation
(seja suave como um geladinho da Hágen Dâssss)
I want a girl with the right dividends
(tenha um rabiosque...assim como o da Cicarelli)
At City Bank we will meet accidentally
(A importância do Destino)
We’ll start to talk when she borrows my pen
(Ah e tal, podes emprestar-me a tua "caneta"?)

She wants a car with a cupholder armrest
(para dar jeito no carro..quando se tiver nas cowboyadas)
She wants a car that will get her there
(que me dê boleia para os jogos do Benfica)
She’s changing her name From Kitty to Karen
(não fazer o que a família lhe manda fazer...de outra maneira não se casa cmg)
She’s trading her MG for a white Chrysler LeBaron
(uma gaija simples no fundo...assim como a Cicarelli)

I want a girl with a short skirt and a long jacket
(Ou a Cicarelli ou então o Miccoli...)
Cake - Short Skirt, Long Jacket
PS:Chamo-vos a atenção para o penúltimo comentário:
"Acabei de perder dinheiro comó caraças com o meu divórcio...se a minha mulher tivesse sido como a gaija da canção provavelmente teria ficado com ela..."

É refrescante ver alguém que saiba o que quer...